*Adary Oliveira, ex-presidente da Associação Comercial da Bahia, engenheiro químico e professor (Dr.)
Durante esta semana, nos dias 22, 23 e 24/05, a Bahia volta a ser a capital do petróleo com a realização do Bahia Oil & Gas Energy no Centro de Convenções de Salvador. Durante três dias será realizado importante evento internacional do setor de petróleo e gás natural, o maior do Norte e Nordeste do Brasil, abordando assuntos relevantes das etapas de exploração e produção, transporte, refino, petroquímica, naval e integração energética.
O ingresso ao público será gratuito e se caracterizará por ambiente de negócios com áreas de exposição, conferências, painéis de debates, arenas temáticas, encontros de negócios e de troca de informações. O Bahia O&G Energy conta com a participação do governo e da iniciativa privada, terá montagem de 200 estandes, presença de 15 países e comparecimento de mais de 10 mil participantes.
No momento em que a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) emite um sinal de alerta, chamando atenção de que a situação do setor químico nacional está sendo considerado extremamente grave e requer, com a máxima urgência, o apoio do Governo Federal para a implementação de medidas emergenciais e estruturais, os principais players do setor se reúnem em Salvador para discutir o assunto, mostrar caminhos e dar uma injeção de ânimo na área de reconhecida validade para o desenvolvimento do Brasil.
A redução da utilização da capacidade instalada, a queda da produção, o aumento das importações, a diminuição das vendas desses produtos por empresas nacionais principalmente dos intermediários para fertilizantes, petroquímicos básicos, plastificantes, resinas termofixas e resinas termoplásticas, reforçam as preocupações do setor e merece toda a atenção da nação brasileira.
Do lado do refino do petróleo, a RefinaBrasil, entidade que congrega as empresas privadas de refino com capacidade instalada de 20% do mercado doméstico brasileiro, tem divulgado que o déficit de derivados de petróleo no Brasil é de 650 mil barris por dia (bpd), requerendo a ampliação dessa capacidade com urgência, não sendo admissível para o País a convivência com tal vulnerabilidade.
Na Bahia, onde estão em funcionamento duas refinarias privadas, uma da Acelen, a segunda maior do País, e a Dax Oil, a menor, estão sendo construídas duas novas refinarias: a Brasil Refino, com capacidade para 100 mil bpd, localizada no Centro Industrial de Aratu (CIA), e a Noxis Energy, também com capacidade para refinar 100 mil bpd com instalação prevista para a retroárea do Porto Sul, em ilhéus.
O lado privado do setor de petróleo e gás tem crescido no Brasil depois da Lei do Petróleo (Lei 9.478 de 06/08/1997). Segundo publicação do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) existem no Brasil atualmente 846 grupos atuando no upstream, sendo 45 nacionais. As companhias independentes, de menor porte, são responsáveis por cerca de 4% da produção nacional. Há uma tendência crescente desses investimentos privados e o Bahia O&G Energy se constitui em um ambiente propício à troca de informações, divulgação das empresas que prestam serviços ao setor e interação entre os diversos agentes que atuam nesse campo.
Em janeiro de 1974, há 50 anos, Ary Silveira desembarcou na Bahia para iniciar a terraplenagem da construção do Polo Petroquímico em Camaçari fazendo o Nordeste se encher de esperanças. Embora muitas previsões não tivessem se concretizado, como a expansão da terceira geração petroquímica, muito se fez no setor e a Bahia dispõe de uma excelente infraestrutura industrial que por si só garante a atração de novos investimentos.
A necessidade de realização de investimentos governamentais, para conservação e atualização desse ambiente é indispensável. A realização de eventos de negócios como o Bahia O&G Energy proporciona momentos de reflexão e de redefinição de prioridades para ações governamentais.
Fui convidado pelo Instituto Politécnico da Bahia (IPB), organizador do evento, a moderar o painel sobre o “Futuro do refino e petroquímica no Brasil” contando com palestrantes da Abiquim, Braskem, Petrobras, Transpetro e Governo da Bahia.
Espero ouvir dos palestrantes, além do retrato que tem cada uma dessas organizações, a relação dos investimentos programados. Será um ótimo termômetro para aferição de como se comportará o setor nos próximos anos.
Espera-se que a esse encontro compareça em peso a academia, professores e estudantes, com a possibilidade de tomar conhecimento do que está acontecendo e do que vai acontecer na terra pioneira do petróleo brasileiro, carregando consigo novas esperanças e boas perspectivas de desenvolvimento econômico e social.