A Bahia é um dos maiores geradores nacionais de energia eólica. Com um grande número de plantas instaladas e novos complexos eólicos surgindo, o estado fica atrás apenas do Rio Grande do Norte (RN).
O estado tem hoje 312 parques eólicos em operação, espalhados em diversas regiões com jazidas de vento privilegiadas, dos quais 18 foram inaugurados nos últimos dois anos, segundo Informe Executivo de Energia Eólica, produzido pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) do Estado da Bahia.
A atividade é favorecida por condições climáticas e geográficas e também pela existência de diversas políticas ambientais colocadas em prática pela criação de diversos programas de incentivo.
“A produção de energia limpa tem sido bastante valorizada e priorizada na Bahia. A previsão é de que o estado assuma a liderança no ranking nacional de geração de energia eólica ainda este ano”, comenta o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Bahia (Crea-BA), Joseval Costa Carqueija. “O potencial de vento da Bahia é diferenciado. Nosso corredor não está apenas no litoral, mas em todo território. Ele entra mais ou menos na divisa entre Pernambuco e Piauí, corta a região central e vai até Minas Gerais”.
Destacam-se na geração de energia municípios como Caetité, Guanambi, Sento Sé, Morro do Chapéu, Gentio do Ouro, Cafarnaum e Ribeira do Pombal. Os empreendimentos implantados, além de possibilitarem a redução das emissões de gases de efeito estufa, proporcionam desenvolvimento às regiões. As plantas contribuem com a criação de emprego e renda e, desta forma, promovem o desenvolvimento econômico e social.
Em nível mais amplo, tudo o que é feito contribui com a redução do preço global do sistema de energia nacional, gerando uma energia mais barata à população. Porém, segundo Joseval, uma grande controvérsia é que pouco do que é produzido em território baiano é aproveitado dentro do próprio estado, indo para o sistema nacional de distribuição.
“O que é gerado de energia eólica na Bahia ajuda o país a manter seus reservatórios de águas pluviais em volumes satisfatórios. Entretanto, precisamos que mais seja convertido em benefício da população local. Se considerarmos todas as matrizes energéticas – como a eólica, a solar, a hidrelétrica, entre outras – o estado gera o dobro do que consome.
O excedente vai para grandes centros industriais que estão nas regiões Sudeste e Sul. Isto resulta em algo que chega a ser uma piada: falta energia elétrica para industrializar o estado. Somos uma grande potência de geração de energia, mas enfrentamos deficiência de energia para consumo”, explica.
Para resolver a questão, o presidente do Crea-BA defende que ocorram maiores investimentos em linhas de transmissões para abastecimento da população local. Ele esclarece que estas são diferentes das linhas de transmissão que saem dos parques eólicos e solares e vão para a linha de alta, que faz parte da linha controlada pelo operador nacional em Brasília (DF).
“Uma grande parcela da população do estado acha que a gente está colocando energia eólica e vai sair uma linha direta do parque eólico para as cidades. Não existe isso. Nós estamos trabalhando com coisas distintas, que são produção de energia, distribuição de energia em alta e distribuição para residências e indústrias. Faltam linhas de transmissões locais”.
O papel do profissional de engenharia em todo esse processo é de extrema importância. De acordo com Joseval, a especialização dos trabalhadores da área em energia eólica é cada vez mais necessária. “Atualmente, grande parte dos que atuam na parte da planagem, estudo do corredor de vento, implantação de torres, concretagem e construção de subestações das usinas da área eólica são de fora da Bahia. É um filão de mercado muito grande e que deveria ser melhor aproveitado pelos profissionais locais. As instituições de ensino do estado deveriam focar na formação de profissionais para atender as demandas existentes”, observa.