Atração de novas indústrias

Adary Oliveira

Engenheiro químico e professor (Dr.)

Com a reforma tributária ficou mais difícil a concessão de benefícios fiscais e subsídios por parte do governo. As isenções ou redução de impostos, créditos fiscais, financiamento preferencial, diferimentos, que visavam reduzir os custos iniciais de implantação e incentivar o investimento local, inclusive os especiais destinados à atração da indústria automobilística, estão fora de cogitação e não podem mais ser concedidos.

Uma infraestrutura bem desenvolvida, incluindo estradas, portos, aeroportos, redes de energia, telecomunicações, suprimento de utilidades, serviço de manutenção industrial, tratamento de efluentes e acesso à internet de alta velocidade, passa a crescer de importância e é fundamental para atrair novas indústrias. Isso facilita o transporte de produtos, o escoamento da produção e a comunicação eficiente, além de reduzir custos operacionais.

O que não pode acontecer é o abandono, mesmo que parcial, dos distritos industriais construídos no interior do estado e tudo de bem-feito que foi edificado no Centro Industrial de Aratu e no Polo Industrial de Camaçari.

Apesar das melhorias obtidas com a duplicação da rodovia CIA-Aeroporto e da Via Parafuso, não se justifica o estado deplorável das vias de acesso internas, o retardamento da ampliação do Porto de Aratu-Candeias e do Canal de Tráfego.

Disponibilidade de uma mão-de-obra qualificada é um fator crítico para atrair indústrias. Empresas buscam locais com uma força de trabalho capacitada e treinada, que possa atender às suas necessidades de produção e inovação. A presença de universidades, institutos de pesquisa e programas de capacitação profissional pode ser um diferencial. Nesse particular os cursos oferecidos pelo Senai e a presença do Cimatec Park no Polo são fatores positivos.

Contudo, temos de admitir a nossa desvantagem em relação aos estados do Sudeste, merecendo a realização de maiores investimentos em educação.

A existência de estabilidade política e legal é fundamental para puxar investimentos. As empresas buscam locais com regras claras, leis de propriedade intelectual efetivas, proteção aos direitos dos trabalhadores e um sistema judicial confiável.

A estabilidade política também proporciona previsibilidade e segurança para os negócios. A cobrança de taxas de condomínios, a suspensão de venda de terrenos destinados à localização de unidades industriais, funcionam como desatrativos. Tal instabilidade é ponto negativo em qualquer planilha da localização objeto de avaliação.

O distanciamento do mercado consumidor, em nosso país localizado no Sudeste, é um ponto negativo de nossa atratividade. Os investimentos para ampliação e modernização dos portos passam a ganhar maior importância. A cobrança de impostos para o combustível de transporte de cabotagem, quando há isenção de tributos para os mesmos combustíveis da navegação de longo curso, encarece a navegação costeira e é um erro que precisa ser corrigido.

O Senai Cimatec é novo elemento na atração de indústrias na Bahia. Sua presença significa ampliação da inovação e pesquisa. Locais com um ecossistema de inovação vibrante, incluindo clusters tecnológicos, parques científicos e centros de pesquisa, tendem a atrair indústrias que valorizam a pesquisa e o desenvolvimento. A presença de instituições de ensino superior de renome e uma cultura de colaboração entre academia, indústria e governo também podem ser atrativos. Esse novo elemento deve ser valorizado ao máximo possível.

A disponibilidade de matérias-primas, principalmente pela diversidade de oferta de insumos químicos e o caráter integrativo de suas fábricas, auxiliam na captação de novos negócios. Cada vez mais, as empresas estão preocupadas com práticas sustentáveis e responsabilidade social. Locais que demonstrem compromisso com a proteção ambiental, energias renováveis, redução de emissões de carbono, políticas de inclusão social e respeito aos direitos humanos passam a se constituir destinos atraentes para novas indústrias.

A inexistência de conflitos derivados da relação capital-trabalho, que podem ser superados através do diálogo e da negociação racional, passam a se constituir vantagens competitivas. Tal prerrogativa deve ser promovida de forma eficaz para atrair investimentos e estimular o crescimento econômico.

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