Apos alta de juros entidades se manifestam

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Após o Copom anunciar o aumento da Selic para 14,25% as entidades empresariais se manifestaram sobre a medida. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considera que a elevação de um ponto percentual (p.p.) da taxa básica de juros, a Selic, anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, nesta quarta-feira (19), não é necessária para controlar a inflação e prejudicará o ritmo de crescimento da economia. A Selic passou de 13,25% para 14,25% – maior patamar desde 2016.

“O nível atual da Selic, que implica taxa de juros real de 8,5% a.a. (3,5 p.p. acima da taxa neutra estimada pelo Banco Central), já tem impactado fortemente a economia, que apresenta desaceleração mais aguda do que a prevista, tanto pela CNI, como por diversos analistas econômicos. Essa desaceleração intensa da economia já seria suficiente para controlar a inflação”, avalia Ricardo Alban, presidente da CNI.

Na avaliação da CNI, a perda de fôlego econômico já influencia as expectativas em torno da inflação. De acordo com a pesquisa Focus, do Banco Central, a inflação esperada para os próximos 12 meses passou de 5,49%, na mediana apurada em 28 de fevereiro, para 5,23%, na mediana apurada em 14 de março. O ponto central da mudança foi o PIB do último trimestre de 2024, que cresceu bem abaixo do esperado.

A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) disse em nota que reconhece a importância do controle da inflação para a estabilidade econômica, mas alerta para os impactos negativos dos juros elevados. “A elevação da Selic a níveis tão altos tende a restringir os investimentos produtivos, aumentar os custos de produção e reduzir a competitividade da indústria brasileira e mineira”, ressalta Flávio Roscoe, presidente da FIEMG.


Para Roscoe, a adoção dessa medida tende a desacelerar ainda mais a atividade econômica, refletindo na geração de empregos e renda das famílias. Ele também aponta que a taxa básica de juros em patamar tão elevado aumenta significativamente o custo financeiro das empresas, que enfrentam despesas maiores com empréstimos e capital de giro, além de encarecer os produtos finais, pressionando a inflação – justamente o que a política monetária busca conter.

Outra entidade a se manifestar foi a  ABRAINC (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) que vê na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) se intensificar os desafios enfrentados pela economia brasileira.

“Os juros elevados restringem o acesso ao crédito, dificultam investimentos e ampliam as despesas financeiras de famílias e empresas, com efeitos profundos em diversos setores produtivos do país. A ABRAINC entende, porém, que a medida tem sido necessária para reduzir a pressão inflacionária, mas, reforça que o governo precisa construir um caminho estrutural para que a taxa Selic seja reduzida de forma perene nos próximos anos. Para isso, é muito importante que haja responsabilidade fiscal e maior controle do gasto público. O Brasil já ultrapassou a Argentina e passou a ocupar, desde fevereiro deste ano, a primeira colocação no ranking mundial de juros reais do mundo”, disse a nota.

Foto Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

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