Após alta da Selic economistas se manifestam

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O mercado financeiro se manifestou após o Copom aumentar em o,25 ponto percentual a Selic que agora alcança os 15% ao ano. O aumento ocorreu mesmo com os sinais do recuo recente da inflação, mas levou em conta as incertezas em relação à economia. Para Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, a decisão do Copom sinaliza uma possível manutenção na próxima reunião e, segundo ele, comunicado veio dentro do esperado, mesmo para quem projetava estabilidade, e reforça os desafios tanto no cenário doméstico quanto internacional. “Há riscos inflacionários em ambas as direções e as expectativas seguem pressionadas, tanto para 2025 quanto para 2026. O grande ponto de atenção agora é observar, até o fim do mês, o comportamento da curva de juros e das expectativas de inflação. Se o Boletim Focus e o mercado começarem a ajustar para baixo as projeções de 2026 e 2027, pode haver algum alívio. Hoje, o Brasil opera com uma curva de juros considerada “não saudável”: mesmo com juros elevados no curto prazo, os vértices mais longos seguem altos — reflexo direto da desconfiança fiscal. Ou seja, o mercado interpreta que, sem avanços consistentes na área fiscal, será necessário manter juros altos por mais tempo. O ideal seria ver esse choque de juros atual impactando as pontas longas da curva, o que indicaria maior confiança nas medidas do Banco Central. Caso isso não ocorra nos próximos dias, o efeito prático da alta de hoje, especialmente na tentativa de ancorar expectativas, pode acabar sendo limitado. Esse será o principal ponto de atenção daqui para frente”, revela.

Na visão de Ricardo Pompermaier, estrategista-chefe da Davos Investimentos, a decisão do Copom foi unânime, apesar de um mercado bastante dividido entre manutenção e a elevação que acabou prevalecendo. O Banco Central optou por um movimento mais conservador em meio à desaceleração da atividade econômica e à melhora de alguns indicadores de curto prazo, inclusive o câmbio, que tem colaborado para manter a inflação mais controlada. “O comunicado sinaliza uma pausa daqui para frente, com manutenção da taxa em patamar elevado por um período prolongado. Ao mesmo tempo, deixou claro que não hesitará em retomar as altas caso as expectativas de inflação voltem a subir. A escolha de apertar ainda mais a política monetária, mesmo com uma conjuntura mais benigna no curto prazo, busca reforçar a credibilidade da autoridade monetária. É uma decisão que mira, acima de tudo, a ancoragem das expectativas e a preservação do regime de metas, diante de um cenário fiscal ainda frágil e de incertezas persistentes”.

Para Alexandre Pletes, head de renda variável na Faz Capital, a autoridade monetária já caminha para o encerramento do ciclo de alta, mas esse movimento pode ter sido influenciado por fatores adicionais, como o aumento das tensões no Oriente Médio, que elevam a incerteza sobre os preços do petróleo e, por consequência, sobre a inflação futura. “Além disso, aspectos domésticos continuam no radar: o quadro fiscal segue frágil e a atividade econômica mostra resiliência, o que também pode ter contribuído para a decisão. Apesar disso, o ponto positivo foi a sinalização clara de que o ciclo está próximo do fim, o que ajuda a reduzir incertezas à frente. Agora, o mercado deve voltar suas atenções para a evolução dos riscos geopolíticos e para a resposta da curva de juros nas próximas semanas”

Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil.

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