ApexBrasil apoia mulheres no mercado internacional

 

A Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (ApexBrasil), lançou, em São Paulo, o Programa Mulheres e Negócios Internacionais que tem como objetivo apoiar e promover a equidade de gênero nos negócios internacionais, de acordo com o Compromisso ApexBrasil de Equidade de Gênero que foi assinado em 13/03/2023. Ao longo do dia, o encontro teve ampla agenda com painéis e apresentações de ações e soluções do Programa voltadas à ampliação da participação das mulheres no mercado internacional. Na ocasião, a ApexBrasil assinou ainda o compromisso “Elas Lideram” do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) / ONU Mulheres. Idealizado em parceria com outras instituições, o Pacto tem a ambição de alcançar 1500 empresas comprometidas com a paridade de gênero na alta liderança até 2030.

A diretora de Negócios da ApexBrasil, Ana Paula Repezza, iniciou o encontro destacando que, devido à urgência da causa, o lançamento do Programa Mulheres e Negócios Internacionais ocorre antes do prazo firmado de 90 dias. “Algo impossível de se realizar sozinha, pois vimos que é preciso uma rede para fazer uma mulher exportar. Foram mais de 40 pessoas atuando nesse projeto, homens e mulheres, e tivemos o apoio de muitas instituições públicas e privadas, brasileiras e estrangeiras”, afirmou Repezza, que fez questão de chamar ao palco os representantes das 17 organizações que, até o momento, formalizaram carta de apoio ao Programa. São elas: Ministério das Mulheres, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Ministério de Relações Exteriores (MRE), Pacto Global /ONU, Mulheres no Comex, Correios, Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI), Rede Nacional de Empreendedorismo Feminino (RME), Organização Brasileira de Mulheres Empresárias (OBME), Woman Inside Trade (WIT), Sebrae, We Connect , Banco do Brasil, Rede Internacional de Mulheres do Café (IWCA), INMETRO, Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Organização Mundial do Comércio (OMC /ITC). O trabalho de engajamento e estabelecimento de parcerias para o Programa terá continuidade para que novas instituições e iniciativas possam se integrar a esse grupo.

A cerimônia de abertura contou com a presença de representantes de algumas dessas entidades, do presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, do diretor de Gestão Corporativa da Agência, Floriano Pesaro, e outras convidadas.

Em sua fala, a secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, celebrou a iniciativa do Programa e destacou que, segundo dados do estudo “Mulheres no Comércio Exterior, Uma Análise para o Brasil”, realizado pelo MDIC, apenas 13,14 % das empresas exportadoras são lideradas por mulheres e que o Brasil tem potencial e bastante espaço para ampliar esse cenário. “A balança comercial do mês de maio foi a maior de todos os anos, com saldo recorde. Ou seja, o mercado internacional tem muita oportunidade e é nossa responsabilidade agir para incluir mais mulheres no comércio exterior”, afirmou. Prazeres falou também sobre piloto do programa de mentoria “Elas Exportam”, parceria do MDIC com a ApexBrasil, oficialmente lançado durante o evento. Nele, empresas que já exportam, lideradas por mulheres, poderão se inscrever para oferecer mentorias para iniciativas também lideradas por empresárias que estão dispostas a entrar no mercado internacional.

Já a secretária executiva do Ministério das Mulheres, Maria Helena Guarezi, disse que o Brasil está agora olhando para a diversidade e para as mulheres como nunca. Guarezi celebrou a aprovação do Projeto de Lei 1.085/2023 que reforça igualdade salarial entre homens e mulheres, ocorrida na quinta-feira (1) pelo Senado Federal, e afirmou que, assim como essa iniciativa da ApexBrasil, todos aqueles que estão se comprometendo com a equidade de gênero colherão rapidamente os bons frutos dessa escolha. “A aprovação dessa lei foi uma vitória e o lançamento desse Programa também. Com essa qualidade, rapidamente vamos chegar no Brasil mais justo e equânime que a gente deseja”, concluiu. A deputada federal, Renata Abreu (PODEMOS-SP), também celebrou a aprovação da lei de igualdade salarial e relembrou que foram anos de muita luta e muitas conquistas pelo direito da mulher de ocupar os mesmos espaços, nas mesmas condições. “A luta é diária e todos os avanços passam pelo processo legislativo e pela política. Por isso, nós mulheres precisamos participar, assumir lideranças e atuar nos espaços de decisão. Nós podemos construir um Brasil diferente fazendo isso, lançando programas e discutindo soluções concretas”, finalizou.

Se, em geral, já é difícil para as mulheres exportarem, a situação é ainda mais desafiadora para aquelas do campo e das florestas, segundo a secretária executiva do MDA, Fernanda Machiavelli. Para transformar esse cenário, ela destacou que o Programa Organização Produtiva de Mulheres Rurais (POPMR) do MDA vai atuar junto com o Programa Mulheres e Negócios Internacionais da ApexBrasil a fim de estimular e apoiar as produtoras e empreendedoras rurais na internacionalização. “Estamos comprometidos em criar oportunidades para mulheres rurais também atuarem no processo de exportação. Sabemos que não é fácil e que é um processo coletivo. É fundamental as políticas públicas terem esse olhar de igualdade”, concluiu.

O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, reforçou que o lançamento do Programa coloca o Brasil em posição de solução para o mundo. Segundo ele, desafios socioambientais e econômicos que os países têm enfrentado nos últimos 30 anos também são consequência da falta de mulheres em posições de liderança. “É a hora da virada, é a hora de trocar o administrar pelo cuidar, como uma mãe. São conceitos que mudam tudo. O futuro depende das mulheres, por isso precisamos tratá-las bem, remunerá-las bem e reconhecê-las”, afirmou.

O diretor de Gestão Corporativa da Agência, Floriano Pesaro, que além da abertura participou do painel “Boas práticas de Gestão da ApexBrasil”, reforçou que, nessa nova gestão, a observação da paridade de gênero na designação para os cargos de chefia foi adicionada ao estatuto da Agência. Disse que, a partir do lançamento, e por meio de uma Resolução da Diretoria Executiva da ApexBrasil, todas as ações de execução direta da ApexBrasil deverão adotar mecanismos inclusivos para empresas brasileiras lideradas por mulheres como forma de se alcançar a equidade de gênero nos negócios internacionais, sendo que o documento também determina que novos projetos da Apex-Brasil realizados com instituições executoras ou prestadores de serviço, contenham cláusulas e/ou ações que contemplem o objetivo de ampliar a quantidade de empresas lideradas e/ou de propriedade de mulheres na base de clientes da Apex-Brasil. Lembrou que a equidade de gênero começa dentro de casa, reforçando a importância da mudança de postura dos homens. “Tendo o exemplo de dentro, podemos então cobrar dos de fora”, concluiu. Viana e Pesaro destacaram ainda a importância da atuação da diretora Ana Paula Repezza como mulher que está à frente de um dos mais importantes papéis da ApexBrasil e elogiaram seu desempenho.

A importância das Redes

O painel “Cooperações estratégicas para apoio ao empreendedorismo feminino” tratou da importância das Redes para a atuação das mulheres no mercado internacional. Para além dos desafios técnicos, questões socioemocionais, que envolvem autoconfiança e segurança em um ambiente culturalmente masculino, foram abordadas pela Coordenadora Nacional do SEBRAE Delas, Renata Malheiros. Ela disse que, nesse contexto, o apoio entre as mulheres dentro de uma Rede impulsiona a coragem de seguir adiante e enfrentar os desafios. Já a Fundadora e CEO da Rede Mulher Empreendedora (RME), Ana Fontes, apontou as barreiras que as empresárias encontram no mercado de trabalho internacional, como o difícil acesso a recursos financeiros aos programas de inovação, a créditos e fundos de investimentos. Ela explicou que as Redes também podem auxiliar nesses desafios. Hoje, a RME conta com 1,5 milhão de mulheres associadas e já impactou mais de 10 milhões de empresárias no mercado de trabalho.

O painel contou ainda com as falas de representantes das Redes Mulheres no Comex (MOC), Women Inside Trade (WIT) e Organização Brasileira de Mulheres Empresárias (OBME) e Clube Mulheres de Negócios de Portugal (CMPT), que comentaram sobre os trabalhos que vem sendo desenvolvidos na direção de ampliar a participação feminina no cenário internacional e se colocaram à disposição das empresárias de todo o Brasil que desejam fazer parte de suas Redes.

Exemplos, desafios e oportunidades

Em seguida, Dorothea Werneck, que participou da criação da ApexBrasil e foi a primeira pessoa a ocupar sua presidência, foi moderadora do painel “Empresárias de Norte a Sul”, no qual empreendedoras que já exportam e receberam apoio da Agência explanaram suas experiências com a internacionalização. “Nada melhor que o exemplo para que a gente se aproxime de uma realidade que ainda não conhecemos”, afirmou Werneck. Para ela, a melhor forma de encorajar uma empresa a encarar o processo de exportar é ver o caminho que outras já percorreram para alcançar esse objetivo. Para isso, o painel contou com cinco empresárias, uma de cada região do país, que contaram todos os desafios e os louros alcançados pelo esforço, determinação e apoio de ações da ApexBrasil.

Já o painel “Inteligência e dados: o desafio da inserção de mulheres nos negócios”, teve apresentação do estudo “Mulheres no Comércio Exterior, Uma Análise para o Brasil”, realizado pelo MDIC. Os números revelam que empresas que exportam ou que estão inseridas no mercado internacional tendem a oferecer remunerações melhores para seus funcionários, sejam mulheres ou homens, e que também empregam mais. No entanto, a diferença salarial entre os gêneros nesse cenário chega a ser ainda maior. A Diretora do Departamento de Promoção das Exportações do MDIC, Janaína Silva, alertou sobre a necessidade de mais pesquisas e ações práticas para mudar essa realidade.

O evento de lançamento contou ainda com os painéis “Planejamento e qualificação para inserção e expansão no mercado internacional”, “Soluções de promoção comercial”, “Investimentos do mundo para ganhar o mundo” e “Expo-Osaka: empresas brasileiras lideradas por mulheres universais”.

Programa Mulheres e Negócios Internacionais

O Programa Mulheres e Negócios Internacionais englobará todas as ações que a ApexBrasil já executa nas áreas de inteligência comercial, de qualificação, promoção comercial, expansão internacional, atração de investimentos e promoção de imagem. Para tanto, a Agência adotará mecanismos inclusivos, tais como pontuação extra, critério de desempate, descontos em taxas de adesão e vagas pré-estabelecidas àquelas empresas lideradas e/ou de propriedade de mulheres. Tais critérios valerão tanto para as companhias no início do processo de exportação ou atração de investimentos, quanto para as que já exportam e desejam levar ou ampliar sua atuação para novos mercados. Além disso, serão realizadas ações específicas, tais como mentorias ou encontros de negócios, para micro e pequenas empresas, startups, cooperativas ou produtoras rurais.

“A ideia é colocar uma lente de gênero e ações afirmativas nessa direção dentro das ações que a gente já faz internamente e com nossos parceiros. E queremos também acompanhar essas mulheres ao longo de toda a jornada para se tornarem empresárias exportadoras ou para a expansão de seus negócios”, explicou a gerente de Competitividade da ApexBrasil, Clarissa Furtado.

 

Texto e Foto ApexBrasil

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