ANEEL inicia 2026 com bandeira verde, mas cenário climático reforça atenção

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A closeup shot of a high-voltage bright lightbulb in the studio

O ano de 2026 começa com a aplicação da bandeira verde nas contas de energia elétrica, conforme anúncio da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Na prática, isso significa a ausência de cobranças adicionais no mês de janeiro, trazendo um alívio pontual para consumidores, condomínios e empresas logo no início do ano.

Esse cenário favorável, no entanto, não elimina a necessidade de planejamento financeiro. Projeções climáticas divulgadas pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) indicam temperaturas acima da média em grande parte do país e volumes de chuva abaixo do esperado em regiões do Nordeste, Sul e pontos do Sudeste. Essas condições aumentam o risco de maior despacho de usinas térmicas nos próximos meses, fator que historicamente pressiona os custos de geração e pode resultar na adoção de bandeiras tarifárias mais onerosas ao longo do primeiro trimestre.

Alívio pontual não substitui gestão de risco

Embora a bandeira verde represente uma boa notícia no curto prazo, especialistas destacam que ela não deve ser interpretada como garantia de estabilidade ao longo do ano. Para síndicos, administradoras e empresários, a oscilação entre bandeiras tarifárias dificulta o planejamento orçamentário e amplia a exposição a custos inesperados.

“Para quem administra um condomínio ou um negócio, saber exatamente quanto irá gastar no ano é tão ou mais importante do que obter economias pontuais. A previsibilidade permite planejamento, reduz conflitos e protege o caixa em um cenário de custos cada vez mais voláteis”, avalia Fernando Berteli, CEO da NewSun Energy.

Segundo Berteli, a alternância de bandeiras ao longo do ano reforça a necessidade de adotar uma lógica de gestão de risco, e não apenas de reação a variações momentâneas nas tarifas.

Volatilidade tarifária e impacto no orçamento

O sistema de bandeiras tarifárias, em vigor desde 2015, foi criado para refletir as variações no custo real de geração de energia no país. Quando as condições de geração se deterioram, especialmente em períodos de estiagem e calor intenso, a energia passa a incorporar acréscimos que impactam diretamente o orçamento mensal.

As bandeiras funcionam da seguinte forma:

  • Verde: sem acréscimos;
  • Amarela: adicional de R$ 1,88 a cada 100 kWh consumidos;
  • Vermelha – patamar 1: adicional de R$ 4,46 a cada 100 kWh;
  • Vermelha – patamar 2: adicional de R$ 7,87 a cada 100 kWh.

Em momentos excepcionais, como ocorreu entre 2021 e 2022, a escassez hídrica levou à adoção de cobranças ainda mais severas, evidenciando o impacto que fatores climáticos podem ter sobre o custo da energia.

Previsibilidade como elemento central da gestão moderna

Diante desse contexto, a bandeira verde deve ser encarada como uma oportunidade de respirar financeiramente, mas não como um sinal de segurança estrutural. Para síndicos e gestores, o desafio permanece o mesmo: reduzir a exposição a variações abruptas de custos e garantir estabilidade ao planejamento anual.

“A gestão moderna exige menos foco em descontos temporários e mais atenção à previsibilidade. Em ambientes de custos voláteis, estabilidade orçamentária se torna uma ferramenta de governança e sustentabilidade financeira”, conclui Berteli.

Com o avanço das discussões sobre modernização tarifária e a crescente influência de fatores climáticos no sistema elétrico, a previsibilidade passa a ser um ativo estratégico para condomínios e empresas que buscam eficiência, equilíbrio financeiro e decisões de longo prazo.

Foto Freepik

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