O momento da indústria nacional e a projeção de cenários possíveis para o curto prazo são o foco do Boletim Conjuntura Industrial, nova publicação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), produzida por sua Unidade de Monitoramento e Avaliação. Com periodicidade trimestral, o documento aprofunda análises iniciadas em sua edição especial de lançamento, anunciada em fevereiro deste ano, com a atualização e consolidação de dados do segmento produtivo nacional.
As análises do boletim são norteadas pela mudança da política macroeconômica efetuada pela atual gestão do Governo Federal, que realinhou seu orçamento de modo estimular a economia nacional a superar os longos anos de baixo desempenho econômico, iniciado com a grave crise de 2015.
Segundo o gerente da Unidade de Monitoramento e Avaliação da ABDI, Roberto Pedreira, o estudo é uma das principais produções do Observatório da Indústria da ABDI, plataforma de inteligência de dados e informação voltado à disseminação de análises, estudos e pesquisas sobre a indústria brasileira.
“Com ele, objetivamos analisar a situação atual do setor industrial e realizar um monitoramento do desempenho da NIB, a política industrial em vigor, visando dar subsídios ao governo no direcionamento das ações e programas dessa política”, explica. “Também esperamos contribuir com as decisões de empresas e estudos acadêmicos.”
Pedreira acrescenta, ainda, que o estudo é uma ferramenta essencial para o entendimento da situação atual e para vislumbrar desafios e oportunidades para o setor produtivo. “Vale destacar a importância de disponibilizar um documento de análise conjuntural, de periodicidade trimestral, que permite capturar a dinâmica do setor produtivo, baseada em dados atualizados”.
Otimismo, mas contido
O Boletim Conjuntura Industrial rememora o crescimento de 3,4% do PIB em 2024, que permitiu aos brasileiros otimismo em relação a 2025, principalmente em razão do bom desempenho da indústria. “Ao aumentar sua produção em 3,8% no ano passado, a indústria de transformação não apenas compensou com folga a queda na produção agropecuária (-3,2%) como criou oportunidades de emprego e renda para um número elevado de brasileiros”, diz o estudo.
O volume de crédito, a retomada dos investimentos públicos e a política de valorização do salário-mínimo, entre outros, são apontados pelo documento como fatores que reanimaram o setor privado a produzir e investir.
O otimismo resultante do desempenho da economia e, particularmente, da indústria, porém, conteve-se no final do ano com desafios que perturbaram o cenário, como a elevação de juros pelo Banco Central, o aumento da inflação e o cenário internacional opaco em função da política comercial protecionista implementada pelo governo estadunidense.
As 60 páginas do boletim se desdobram em análises desse quadro com a meta de esclarecer a situação atual da indústria brasileira e de projetar possíveis cenários para o curto prazo. Divide-se, assim, em seis seções nas quais se alternam análises sobre a produção industrial brasileira e o consumo recentes, o mercado de trabalho, as realidades do crédito, do investimento e da inflação, as contas públicas, com atenção ao déficit público, o comércio exterior do país. Por fim, apresenta as projeções feitas por entidades públicas e privadas para a indústria e o PIB brasileiro em 2025.
Índice de Sustentabilidade da Expansão Industrial
A Unidade de Monitoramento e Avaliação da ABDI também lançou na última semana o Índice ABDI de Sustentabilidade da Expansão Industrial (ISEI), novo indicador da Agência igualmente produzido pelo Observatório da Indústria e destinado a monitorar a indústria no curto prazo, a auxiliar gestores públicos na tomada de decisões e a fornecer insights a empresários e pesquisadores interessados no tema.
“O índice foi criado para capturar quais são as perspectivas acerca do comportamento da indústria de transformação, monitorar o desempenho dessa atividade econômica, analisar tendências futuras e, dessa forma, contribuir para a tomada de decisão dos gestores públicos, reorientando a política industrial e os investimentos dos empresários”, diz Roberto Pedreira.
Foto Site ABDI