Adary Oliveira – ex-presidente da Associação Comercial da Bahia, engenheiro químico e professor (Dr.)
No mês de julho deste ano, segundo Boletim da ANP, a Bahia produziu 20.723 barris por dia de petróleo e 4.393,30 mil metros cúbicos por dia de gás natural, sendo o 5º maior produtor nacional depois do RJ, SP, ES e AM. Na Bahia Oil & Gas Energy 2025, realizada no Centro de Convenções de Salvador em maio, a Petrobras anunciou que voltará a perfurar na Bahia tendo programado 103 novos poços nos próximos cinco anos. Estão sendo contratadas três novas sondas de perfuração e dez novas sondas de produção terrestres.
A atividade de exploração de petróleo é realizada no interior e movimenta toda a economia regional com os dispêndios operacionais sem falar nos royalties que passa a recolher. Em alguns municípios da Bahia o valor recolhido do royalty supera a receita oriunda do Fundo de Participação dos Municípios, sendo uma fonte de receita importante para o desenvolvimento.
As empresas que operam os campos maduros devolvidos pela Petrobras e novos poços que foram perfurados, alimentam a esperança de que a Bahia voltará a ser a terra do petróleo e que novos investimentos serão realizados no setor pela iniciativa privada. A Refinaria Mataripe, após investimentos de R$ 3 bilhões, voltou a superar a marca de 300 mil barris diários de derivados, mantendo-se como principal contribuinte de ICMS do Estado da Bahia.
Durante esta semana a Petrobras divulgou que voltará a operar as fábricas de fertilizantes nitrogenados localizadas em Camaçari, BA, e em Laranjeiras, SE, que até o ano passado vinham sendo operadas pela Unigel.
O Brasil volta a produzir amônia e ureia em larga escala reduzindo substancialmente as importações desses importantes insumos do agronegócio, reativando dezenas de misturadoras de fertilizantes da região, geradoras de alto volume de impostos, salários e renda.
A realização do Projeto Sergipe Águas Profundas (SEAP) considerado pela Petrobras a nova fronteira de produção em águas profundas, está sendo esperada para os próximos meses. O SEAP foi incluído no plano estratégico quadrienal, estabelecendo início da produção em 2026. A área de exploração está concentrada em uma região a 100 km da costa, em profundidades de até 3 mil metros e contempla sete campos: Budião, Budião Noroeste, Budião Sudeste, Palombeta, Cavala, Agulhinha e Agulhinha Oeste.
Segundo informações divulgadas pela Petrobras, o SEAP tem reservas substanciais e um horizonte de produção promissor, consistente com a estratégia de focar em ativos em águas profundas com elevado potencial de geração de valor, próprio a cenários de baixos preços de petróleo e com baixa emissão de carbono por barril produzido.
Ainda segundo a publicação, “os investimentos da Petrobras nessa nova fronteira abrirão uma série de oportunidades para a indústria e, como consequência, ampliarão a geração de empregos, impostos e tributos na região”. A primeira plataforma a ser instalada será do tipo FPSO com capacidade de produzir 120 mil barris de óleo e 8 milhões de m³ de gás por dia. O projeto inclui também a implantação de um sistema de escoamento de gás com capacidade de transporte de 18 milhões de m³/dia.
Importante salientar que o setor está atraindo para a Bahia três mini refinarias de petróleo permitindo que novos empresários sejam puxados para esse negócio e se habilitem a investir em atividades outrora restrita a grandes capitais. Além da Dax Oil, que está ampliando sua capacidade de refino para 12 mil barris por dia, três outros projetos foram anunciados para Simões Filho, Camaçari e Ilhéus.
Entretanto, a Bahia está proibida, pelos órgãos de controle ambiental, de usar a técnica de hidro fraturamento para retirar petróleo e gás natural de reservatórios já conhecidos, sob a alegação que haveria poluição dos mananciais aquíferos. Essa nova tecnologia está sendo utilizada por diversos países como Estados Unidos, Canadá, Argentina, China e Rússia para a produção do shale gas e do shale oil que fez os Estados Unidos passar de maior importador de petróleo e gás natural do mundo para maior exportador.
Vale o registro de que o shale gas produzido no Campo de Vaca Muerta, na Patagônia Argentina, já está sendo vendido em São Paulo, via gasodutos que passam pela Bolívia. Está na hora dos ambientalistas reverem suas posições em relação à Bahia e ao Brasil.
Embora possa parecer, mas o uso do petróleo e gás natural como fonte geradora de energia e como matéria-prima ainda vai perdurar por muito tempo e não podemos, mais uma vez, perder o bonde da história deixando essa riqueza debaixo do chão.
Foto Site Café com Informação