Jorge Sukarie*
O termo BRIC (ainda sem o “S”) surgiu em 2001, em estudo do economista-chefe do Goldman Sachs, Jim O’Neill, intitulado “Building Better Global Economic BRICs” para se referir a Brasil, Rússia, Índia e China – países, até então, considerados os emergentes, com características semelhantes (grande extensão territorial, população e PIB), com alto potencial de chegarem a 50% do Produto Interno Bruto mundial até o ano de 2050, e rivalizar com os países desenvolvidos. Em 2011 o grupo ganhou a adição do “S” com a entrada da África do Sul.
Passados mais de 20 anos o grupo se mantém relevante, inclusive com proposta de ampliação para receber novos Países à partir de janeiro de 2024 (Argentina, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes e Irã), mas a sensação que se tem é que o Grupo não alcançou o que se esperava quando ele foi criado. O próprio Jim O’Neill, criador do termo, já se manifestou, por mais de uma vez, desapontado com os resultados aquém do esperado.
A Rússia se meteu num imbróglio com a Guerra da Ucrânia e o isolamento econômico destroçou a sua Economia, sem previsão de recuperação num curto espaço de tempo. A China, que durante décadas vinha com uma economia vigorosa, parece que perdeu força e foi muito impactada pela pandemia, afinal o vírus surgiu lá e demorou mais tempo para dar trégua por lá. A Índia também sofre com os impactos da pandemia e com seus problemas internos, além de sua posição geopolítica que não ajuda muito no seu desenvolvimento.
Chegamos ao Brasil, que tem também seus inúmeros problemas e que nos últimos anos tem sofrido com recessão econômica e com os resquícios da pandemia que impactou muito seu desenvolvimento. Por outro lado, nem tudo são notícias ruins. Vejam no quadro a seguir, como o Brasil tem feito uma revolução no Agronegócio que já o colocou como líder mundial na exportação de carne de frango e carne bovina, soja em grão, milho, celulose, café verde, açúcar e em breve também em algodão, já que é esperado que ele ultrapasse os EUA na safra de 2023/2024.
A adoção de novas tecnologias e o aumento da produtividade, com a colheita de até 03 safras por ano na mesma área, tem permitido o Brasil se destacar neste segmento e com potencial ainda maior de crescimento com a adoção de tecnologias como Inteligência Artificial, 5G, Conectividade, Analytics, entre outras.
O sucesso alcançado até aqui no Agronegócio não é algo temporário, e pelo contrário, o Brasil deve ganhar cada vez mais relevância nesta área se considerarmos os países com maiores áreas agriculturáveis do mundo, exibido no quadro a seguir. O Brasil é o País que de longe tem, não só a maior área agriculturável total, mas também a maior área ainda disponível para exploração.
Talvez daí tenham surgidos alguns termos e frases que caracterizam o Brasil nesta área, como “Celeiro do Mundo”, “Brasil vai sustentar o planeta”, entre outras.
A mesma Goldman Sachs que cunhou o termo BRICS, estima, segundo suas projeções para o ranking das maiores Economias do Mundo em 2075, que o Brasil esteja entre as dez maiores potências mundiais. Deveremos estar a frente de potências como Reino Unido, Alemanha e Japão.
A despeito de todas as dificuldades ou de qualquer disputa política, o Brasil continua sendo um grande candidato a se manter relevante no cenário internacional. Se conseguirmos utilizar a tecnologia para endereçar alguns problemas estruturais que enfrentamos hoje como Saúde, Educação e Infraestrutura, conseguiremos criar um País mais digital e menos Desigual. Acredito piamente que a tecnologia pode garantir uma melhor experiência para o usuário e um melhor serviço ao cidadão, e quando temos a digitalização permeada numa sociedade, conseguimos fazer com que produtos e serviços estejam disponíveis a qualquer pessoa, independente de classe social, raça, sexo ou qualquer outra distinção.
*Jorge Sukarie é membro do conselho da Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES), sócio fundador e presidente da Brasoftware.
Foto: Pexels
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