Adary Oliveira, ex-presidente da Associação Comercial da Bahia, Engenheiro químico e professor (Dr.)
As festas juninas, de Santo Antonio, São João e São Pedro, são uma tradição cultural que ocorre mais intensamente no Nordeste. Além de seu significado cultural e religioso, essas celebrações têm um impacto econômico significativo, contribuindo para o desenvolvimento local e a geração de empregos. A compreensão desse significado ajuda a identificação de realizações que possam colaborar para o desenvolvimento de atividades econômicas e a geração de energias positivas capazes de colaborar para a firmeza da sociedade.
Uma das principais características das festas juninas é a atração que elas exercem sobre turistas. Cidades como Campina Grande (PB), Caruaru (PE) e Santo Antonio de Jesus (BA) são famosas por seus festivais, que atraem visitantes de diversas partes do Brasil e do exterior. Esse fluxo turístico estimula a economia local, beneficiando setores como hotelaria, restaurantes e comércio.
Durante o período das festas, há uma demanda intensa por mão de obra temporária. Muitos empregos são gerados em áreas como vendas de alimentos, montagem de estruturas para os eventos e entretenimento, fabricação de fogos de artifício, contratação de bandas musicais, confecção de trajes típicos, a locomoção de pessoas com maior fluxo para as cidades do interior, Isso proporciona uma oportunidade de renda para muitas pessoas, que podem complementar sua economia familiar.
As festas juninas são conhecidas por suas comidas típicas, como pamonha, canjica, milho cozido, amendoim cozido e diversas delícias feitas à base de milho e outros vegetais. A plantação do milho no dia de São José, dia 19 de março, 90 dias antes do período dos festejos juninos, ativa os pequenos agricultores que contam como certa as chuvas da mudança de estações verão/outono, muito frequentes nos trópicos. A produção de licores especiais de frutas e de flores, em particular do jenipapo e das rosas, alegram ainda mais o ambiente festivo, A produção destes alimentos e bebidas aquece a economia local, beneficiando agricultores, artesãos e criadores. Além disso, os comerciantes que vendem esses produtos durante as festividades têm a oportunidade de aumentar suas vendas significativamente.
As festas juninas também são uma vitrine para o artesanato local e produtos regionais. Muitas feiras são organizadas durante os festejos, permitindo que artesãos e pequenos produtores exibam e vendam seus itens. Isso não só promove a cultura local, mas também proporciona uma fonte de renda para os envolvidos.
Além dos aspectos econômicos diretos, as festas juninas promovem a valorização da cultura local. As danças, músicas e tradições reforçam as identidades culturais regionais, o que pode ter um efeito positivo na autoestima da população e na preservação das tradições. As pessoas se cumprimentam desejando um “Feliz São João”, os viúvos concentram seus festejos no dia de São Pedro, os clubes de quadrilhas voltam a ensaiar para as apresentações, os visitantes das cidades batem à porta dos moradores perguntando “São João passou por aqui?”, sendo a senha para que possam adentrar e saborearem os quitutes e licores. Enfim, os festejos juninos são um grande momento de confraternização. Há muito tempo que se fala que o São João é a festa mais popular do Nordeste, principalmente das pequenas comunidades, com certa razão. Os estudantes estão de férias, a chuva fina e o frio dos tempos de mudança de estação, o uso de agasalhos coloridos, a celebração das festas do santo padroeiro de muitos municípios e o ronco ritmado do fole das sanfonas, contribuem para a criação de um ambiente muito diferente e particular. As festas juninas vão muito além de ser um simples evento comemorativo. Elas representam uma força econômica vital em muitas regiões, fomentando o turismo, gerando empregos e promovendo a cultura local. Com um impacto tão abrangente, é fundamental que tanto o poder público quanto a iniciativa privada apoiem e promovam essas celebrações, que beneficiam não apenas a economia, mas também a sociedade como um todo. As festas juninas são, sem dúvida, um exemplo de como a cultura pode impulsionar o desenvolvimento econômico de uma comunidade.
Foto: Mateus Pereira/GOVBA