Salvador conta com um espaço público que une tecnologia, arte digital e consciência ambiental. Trata-se da Sala Imersiva, do Centro de Interpretação da Mata Atlântica (Cima), no bairro do Bonfim. O local, que funciona de terça a domingo, sem necessidade de agendamento, é a primeira estrutura multissensorial a operar de forma gratuita.
Ao entrar no local, o visitante percebe que é possível transformar a natureza da cidade em memória viva com o uso da tecnologia, já que projetores de alta resolução são capazes de emitir nas paredes e no chão imagens de árvores e animais que vivem na Mata Atlântica, bioma que faz parte da capital baiana.
A curadoria e criação do conteúdo audiovisual são de responsabilidade do SSA Mapping, festival internacional de artes visuais que há quase uma década transforma prédios históricos da capital em telas monumentais. Ao longo da exibição, o público é conduzido por sons de pássaros, árvores em movimento, informações sobre espécies e dados sobre devastação e recuperação da Mata Atlântica. Além disso, a narrativa visual mostra a história da floresta, o avanço da urbanização e os desafios contemporâneos da preservação.
Para José Enrique Glezes, do SSA Mapping, a experiência imersiva permite que os soteropolitanos interajam com as projeções enquanto têm acesso à vasta diversidade de espécies de animais e plantas da Mata Atlântica.
“A projeção imersiva, por si só, já cria uma interação natural entre o público e as imagens projetadas. E é justamente através dessa vivência lúdica, estética e interativa que conseguimos educar as novas gerações sobre a importância da preservação da Mata Atlântica”, comentou.
Ele lembra que poucas cidades do mundo têm uma sala imersiva dedicada à temática socioambiental, já que a maior parte delas é voltada exclusivamente às artes visuais.
“Aqui, embora também contemplemos a arte, o foco principal é utilizar essa experiência sensorial para conscientizar tanto as crianças quanto qualquer cidadão que visita o Centro de Interpretação sobre a importância da Mata Atlântica para nossa vida e para o futuro da cidade”, completa.
O espaço é aberto para escolas municipais, particulares, turistas e moradores. A experiência não precisa de agendamento, mas há limite de pessoas por sessão, cerca de 20, para evitar desconforto com o movimento das projeções.
“A sala imersiva é o lugar onde, como a gente costuma dizer, começa o encantamento das crianças. A experiência começa já no acolhimento: a gente se apresenta, conversa com elas e fala um pouco sobre a Mata Atlântica, sobre a relação com o meio ambiente e sobre a importância da educação para preservar nossos espaços naturais, seja mata, rio ou mar. Isso é fundamental para quem está nesse processo de desenvolvimento e crescimento”, conta Danilo Lima, arte-educador do Cima.
Identidade natural – Segundo o secretário de Sustentabilidade, Resiliência, Bem-estar e Proteção Animal (Secis), Ivan Euler, o equipamento representa um marco tecnológico e educativo voltado para a preservação do bioma que molda a identidade natural da capital baiana.
“A ideia é despertar nas pessoas o entendimento de que preservar, mesmo pequenos fragmentos de Mata Atlântica dentro da cidade, é importante. O Cima mostra isso na prática: parte da área é mata preservada, parte é organizada para educação”, disse.
Para o secretário, a sala imersiva cumpre um papel de formar uma geração de soteropolitanos preocupados com a preservação ambiental e cientes de que estão inseridos em um dos biomas mais ricos, diversos e ameaçados do planeta.
“A sala imersiva foi pensada para trazer a importância do bioma Mata Atlântica. Mostrar o quanto ele é fundamental para o planeta. A gente trabalha com imagem, som, com a ambientação da floresta, para que as pessoas sintam e entendam essa conexão. Mostramos a exuberância, mas também os efeitos do desmatamento, como o homem chegou desmatando e, agora, busca preservar e recuperar essas áreas. A imersão ajuda a criar essa consciência”, finalizou.
Fotos: Igor Santos/Secom PMS
Texto: Mateus Soares e Nilson Marinho/ Secom PMS
