A Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em parceria com a DEEP ESG, desenvolveu uma base setorial de fatores de emissão adaptada à realidade brasileira, que permitirá aos bancos padronizar a mensuração e o reporte das emissões financiadas de gases de efeito estufa (GEE) de suas carteiras. A iniciativa considera condições ambientais e tecnológicas nacionais e está alinhada às metodologias internacionais do PCAF (Partnership for Carbon Accounting Financials) e do GHG Protocol.
Além da base de dados, o projeto inclui uma ferramenta de cálculo e uma trilha de capacitação técnica voltada aos bancos associados. O objetivo é apoiar o setor financeiro na transição para uma economia de baixo carbono, oferecendo estrutura, metodologias e conhecimento para aprimorar o monitoramento de emissões indiretas associadas a crédito e investimentos.
A iniciativa será lançada na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém (PA), e inaugura o Hub de Soluções ESG da Febraban, plataforma que reunirá conteúdos, ferramentas e bases de dados para apoiar bancos e demais agentes do mercado financeiro na agenda climática e de sustentabilidade.
“A tropicalização de fatores de emissão é fundamental porque as condições climáticas, tecnológicas e territoriais do Brasil diferem das de outros países. O uso de dados nacionais permitirá avaliações mais precisas e orientará o fluxo de crédito para atividades compatíveis com uma economia de baixo carbono” afirma Amaury Oliva, diretor de Sustentabilidade e Autorregulação da Febraban.
Hub de Soluções ESG
O Hub também promoverá programas de capacitação para apoiar os bancos na mensuração de emissões e na avaliação do progresso das carteiras rumo à transição climática.
“O foco dos bancos tem sido apoiar seus clientes na jornada de transição. O Hub ajudará o setor a evoluir de forma consistente, tanto no cálculo das emissões financiadas quanto na mensuração da transição das carteiras ao longo do tempo. É mais uma ação que reflete o compromisso da Febraban e dos bancos com as finanças sustentáveis” destaca Amaury Oliva.
A iniciativa dá continuidade ao trabalho da Febraban em sustentabilidade. Em 2018, a federação liderou a implementação do roteiro de adoção das recomendações da TCFD no sistema bancário nacional. Em 2020, lançou o primeiro guia setorial para mensuração de emissões financiadas, com base no GHG Protocol e no framework do PCAF. A nova base setorial representa um passo adicional para ampliar comparabilidade entre bancos e incentivar a participação de instituições de todos os portes.
Inovações ESG
A Febraban também apresentará na COP 30 o Sumário Executivo do Roadmap para Gestão do Riscos de Desmatamento e Oportunidade de Financiamento para Cadeias Livres de Conversão, reflexo do trabalho conjunto com a Iniciativa Financeira do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP-FI), com apoio técnico da Agroicone em parceria com 22 bancos.
O relatório detalha estratégias para que empresas e instituições financeiras gerenciem o risco de desmatamento e identifiquem oportunidades de financiamento para cadeias de suprimentos que não desmatam. E apresenta os principais objetivos, resultados e recomendações do Grupo de Trabalho, focando em como a gestão do desmatamento afeta o setor financeiro, as finanças e os negócios.
“O material tem como objetivo compilar os conceitos, regramentos, esforços e alternativas relacionadas ao risco de desmatamento e conversão da vegetação nativa associado ao setor financeiro, provenientes dos produtos e serviços financeiros direcionados às cadeias de valor do agronegócio”, explica Amaury Oliva.
Também serão levados à COP 30 os resultados do relatório técnico “From Commitment to Action: Financial Institutions bridging gaps to shape LAC’s tomorrow”, que destaca os avanços e desafios das instituições financeiras na América Latina e Caribe para acelerar a transição sustentável, alinhados à agenda da COP30. O documento foi lançado em outubro de 2025 e é resultado da Mesa Redonda Regional da UNEP FI realizada em abril de 2025, e desenvolvido pela ERM em parceria com a Febraban e BID Invest.
Entre os avanços estão a construção de taxonomias sustentáveis regionais, uso de produtos financeiros inovadores como seguros paramétricos e títulos de biodiversidade, além de mecanismos de engajamento com clientes, comunidades e formuladores de políticas públicas, com casos concretos e iniciativas de capacitação técnica.
“Esses materiais reforçam o papel estratégico das instituições financeiras na construção de uma economia de baixo carbono, inclusiva e resiliente” completa Amaury Oliva.
Foto Fernando Frazão/Agência Brasil
