Brasil sente os efeitos do tarifaço americano sobre carne, aço, café e aviação

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Por André Yano, especialista em investimentos na WIT Invest

A nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros acende um alerta importante para a economia nacional, com impactos que podem ser sentidos até o fim de 2025. Os setores exportadores, como carne, aço, café e aviação, são os primeiros a sentir os efeitos negativos, com empresas como Embraer, Minerva e Jalles Machado tendo que buscar novos mercados ou lidar com a perda de margem. Além disso, a desvalorização do real pode se intensificar, encarecendo importações e pressionando a inflação em um momento delicado, quando o Banco Central tenta ancorar expectativas. No mercado financeiro, o cenário também é de incerteza, com risco de aumento da volatilidade e retração no fluxo de investimentos estrangeiros, especialmente dos EUA, que hoje representam cerca de 27% do investimento direto no país. 

A medida tem implicações não apenas econômicas, mas também políticas, refletindo uma estratégia do governo Trump para pressionar parceiros comerciais em questões como saldo comercial e imigração ilegal. Para o Brasil, isso significa que qualquer resposta precisa ser cuidadosamente calculada para evitar novos embates diplomáticos. Embora o país possa buscar alternativas comerciais, como parceiros asiáticos ou latino-americanos, essa transição não será rápida nem barata, exigindo adaptações logísticas, contratos e estratégias de marketing. A falta de previsibilidade cria um ambiente de incerteza, aumentando a pressão sobre o governo e empresários para mitigar os impactos negativos sem comprometer outras áreas da economia.

Se trouxermos para a questão do comércio local, pensando no que impacta diretamente a população, os efeitos serão sentidos de forma indireta. Isso porque os Estados Unidos vão impor medidas relacionadas à importação de produtos brasileiros, ou seja, sobre aquilo que o Brasil exporta para lá. Nessa linha, temos dois impactos importantes. O primeiro é que, se os Estados Unidos mantiverem essas tarifas elevadas e o Brasil não conseguir negociar, pode haver uma redução ou até uma paralisação nas exportações para o país. Já estamos vendo reflexos disso, por exemplo, na não exportação de carne, que é o produto com maior impacto direto na população. Com a diminuição ou suspensão dos embarques de carne brasileira para os Estados Unidos, o preço por aqui tende a cair.

Além da carne, outros produtos também são afetados, como o café. Já os aviões, embora também estejam na lista de exportações, não têm impacto direto no dia a dia da população. O que pode acontecer, nesse caso, é um reflexo no mercado de trabalho. Por exemplo, será que a Embraer vai precisar fazer demissões? Afinal, os Estados Unidos são o maior comprador de aviões da empresa, e uma queda nas exportações pode afetar o volume de produção e os empregos no Brasil.

Portanto, há sim questões relevantes quando falamos em bloqueio ou redução das exportações brasileiras para os Estados Unidos.

Mas também existe um outro ponto: se o Brasil decidir adotar medidas retaliatórias e passar a taxar produtos vindos dos Estados Unidos, aí sim pode haver um impacto mais direto na inflação aqui no Brasil. No entanto, isso ainda é incerto, já que o governo brasileiro, até o momento, não se pronunciou oficialmente sobre qualquer tipo de retaliação.

Foto: Divulgação

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