Sete dos 15 locais investigados pela Pesquisa Indústria Mensal (PIM) Regional recuaram na passagem de janeiro para fevereiro, quando a produção industrial do país variou -0,1%. As maiores quedas foram registradas na Bahia (-2,6%), Ceará (-1,0%) e São Paulo (-0,8%), enquanto Pernambuco (6,5%) assinalou o avanço mais intenso. Na comparação com fevereiro do ano passado, a alta de 1,5% foi acompanhada por 5 dos 18 locais pesquisados. No acumulado em 12 meses, o avanço de 2,6% do setor industrial foi acompanhado por 15 das 18 localidades, apresentando, porém, menor dinamismo. Os dados foram divulgados pelo IBGE.
“Na passagem de janeiro para fevereiro, a indústria nacional atingiu o seu quinto mês consecutivo sem crescimento, com perda de 1,3% desde outubro de 2024. A última vez que isso aconteceu foi entre fevereiro e julho de 2015, quando a perda acumulada foi de 6,7%. De forma geral, há uma perda de intensidade na produção industrial, influenciada por uma política monetária contracionista, com aumento dos juros, com o objetivo de combater a inflação. Isso acaba estreitando mais as linhas de crédito, reduzindo os investimentos e fazendo com que as tomadas de decisão na produção sejam mais cautelosas. Pelo lado da demanda, esse cenário também impacta de forma negativa o consumo das famílias”, contextualiza o analista da pesquisa, Bernardo Almeida.
O setor industrial da Bahia, com queda de 2,6%, se sobressaiu entre as cinco localidades que apresentaram quedas na passagem de janeiro para fevereiro. Foi a menor taxa em termos absolutos e o segundo resultado negativo mais influente no mês.
“A indústria baiana apresenta essa queda após quatro meses de resultados positivos, quando acumulou um ganho de 5,7%. Em fevereiro, observamos maior influência dos setores de derivados de petróleo e celulose, papel e produtos de papel. A queda de 2,6%, após quatro meses de crescimento, acontece de uma forma a adequar a oferta e a demanda de maneira estratégica dentro da produção e das especificidades locais, e, de certa forma, era esperada”, explica o analista.
No mesmo sentido, Ceará (-1,0%) e São Paulo (-0,8) assinalaram as outras quedas mais acentuadas na passagem de janeiro para fevereiro, com o estado paulista tendo exercido a maior influência negativa no mês.
“O recuo de São Paulo ocorre após alta de 1,8% observada em janeiro de 2025. Em fevereiro, as principais influências foram os setores de derivados de petróleo, produtos químicos, de bebidas e o setor de celulose, papel e produtos de papel. O que podemos observar é que a indústria paulista apresenta um comportamento bem oscilante quando observamos os últimos meses, demonstrando perda de ritmo e intensidade na produção, assim como a indústria como um todo, apesar de ter seus avanços no período”, avalia Almeida.
O analista destaca ainda que, com o resultado de fevereiro, São Paulo se encontra 0,4% abaixo de seu patamar pré-pandemia, estipulado em fevereiro de 2020, e 22,0% abaixo de seu patamar mais alto, alcançado em março de 2011.
Por outro lado, Pernambuco (6,5%) registrou a expansão mais acentuada em fevereiro, eliminando parte da queda de 25,1% verificada em janeiro.
“A queda da indústria pernambucana em janeiro representou o maior recuo em toda a série histórica para esse tipo de comparação. Já em fevereiro, o setor que mais impulsionou esse comportamento positivo foi o de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, um setor bastante atuante na indústria local. O movimento observado em fevereiro é um pouco compensatório em relação a janeiro, eliminando parte da perda, e significa a alta mais intensa para a indústria pernambucana desde dezembro de 2023, quando havia avançado 10,1%”, relembra o analista da PIM.
Paraná (2,0%) foi a segunda alta mais intensa em termos absolutos e exerceu principal influência positiva no índice geral em fevereiro.
Indústria avança em 5 dos 18 locais pesquisados em relação a fevereiro de 2024
A produção industrial do país cresceu 1,5% na comparação com fevereiro do ano passado, com resultados positivos em 5 dos 18 locais pesquisados pela PIM Regional, sendo que fevereiro de 2025 teve um dia útil a mais (20) do que igual mês em 2024 (19). Santa Catarina (6,0%), Paraná (5,5%) e Pará (5,1%) assinalaram os avanços mais acentuados nessa comparação.
Em Santa Catarina, a alta foi impulsionada, principalmente, pelo comportamento positivo observado nos setores de máquinas e equipamentos, produtos de minerais não metálicos, produtos de metal, confecção de artigos do vestuário e acessórios e máquinas, aparelhos e materiais elétricos.
No caso do Paraná, influenciaram o resultado as altas em veículos automotores, reboques e carrocerias, coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, produtos químicos e máquinas e equipamentos.
Já no Pará, a influência veio de indústrias extrativas. Mato Grosso (1,2%) e São Paulo (1,2%) completaram o conjunto de locais com expansão na produção no índice mensal de fevereiro de 2025.
Por outro lado, os recuos de dois dígitos e mais elevados foram observados no Rio Grande do Norte (-24,5%), pressionado, em grande parte, pelas atividades de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis; em Pernambuco (-21,3%), influenciado pelas atividades de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis; e no Espírito Santo (-11,6%), com influência de indústrias extrativas.
Região Nordeste (-4,7%), Maranhão (-4,0%), Rio de Janeiro (-3,3%), Amazonas (-2,9%), Mato Grosso do Sul (-2,9%), Bahia (-1,5%), Rio Grande do Sul (-1,2%), Minas Gerais (-0,7%), Ceará (-0,2%) e Goiás (-0,1%) também mostraram resultados negativos no índice mensal de fevereiro de 2025.
Foto: João Paulo Ceglinski/Petrobras
Informações Agência IBGE