Em nota assinada pelo membro da comissão de Liberdade de imprensa e dos Direitos Humanos da Associação Brasileira de Imprensa, ABI, na Bahia, Fábio Costa Pinto, a Associação Brasileira de Imprensa protestou contra a morte da indígena Maria Fátima Muniz, conhecida como Nega Pataxó e irmã do cacique Nailton Muniz Pataxó, da etnia hã hã hãe. A indígena foi morta a tiros no domingo (21), na cidade de baiana de Potiraguá. O cacique foi ferido na mesma ocorrência.
“Estamos atentos e juntos às lideranças indígenas, iremos cobrar de forma firme a punição dos culpados pelos abusos e assassinatos”, afirma o dirigente, que integra a entidade nacional como representante da Associação Brasileira de Imprensa no Estado. “O ataque foi convocado por redes sociais e perpetrado pelo grupo miliciano de extrema-direita autointitulado “Invasão Zero”, que já atua em alguns estados do país, se declara representante e integra grupos de proprietários rurais.”, completou Fábio Costa Pinto, na nota. De acordo com ele, a comissão acompanha o problema desde junho de 2022, quando recebeu denúncias de agressão, assassinato e abuso “de toda ordem” contra os povos originários do sul e extremo sul da Bahia.
Entidades se manifestam
Quem também protestou contra a morte de Nega Pataxó foi a Comissão Arns, em nota conjunta com a Conectas Direitos Humanos. “Como é de conhecimento, o ataque foi articulado em um grupo de mensagens pela internet, numa operação que os agressores batizam de “Invasão Zero”, com a finalidade de expulsar, pelo uso da força e ao arrepio da lei, os indígenas que lá se encontravam”, observou.
“Não haverá paz no campo sem Justiça. Aguardamos uma investigação rigorosa, cobrando os esclarecimentos devidos à sociedade brasileira. E, ao povo Pataxó Há-Há-Hae, prestamos a nossa solidariedade, neste momento doloroso”.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) se manifestou repudiando o ocorrido “Há quase 50 anos o Cimi apoia o povo Pataxó Hã-Hã-Hãe e está em luto pela morte de Nega, grande guerreira de seu povo que oferece agora seu martírio precoce e revoltante. O Cimi reitera ainda seu apoio ao povo Pataxó HãHãHãe, a toda família Muniz em especial os familiares de Maria de Fátima (Nega) e ao cacique Nailton e espera que as autoridades públicas não permitam que que tal crime fique impune”.
Outra a se manifestar pelo ocorrido foi a Universidade Federal da Bahia que, por meio de nota, disse expressar solidariedade e apoio ao povo Pataxó Hã-hã-hãe. “Esses ataques resultaram no homicídio da líder Nêga Pataxó (Maria Fátima Muniz de Andrade), na tentativa de assassinato do cacique Nailton Muniz Pataxó e de outros membros da comunidade indígena, também alvejados e espancados durante a ação intitulada “Invasão Zero”, supostamente convocada por fazendeiros no Território Rio Pardo. A UFBA se solidariza especialmente com os Pataxó que fazem parte da nossa comunidade universitária. Este grupo inclui quantidade significativa de dedicados estudantes e docentes, em especial a docente ingressante no Departamento de Antropologia e Etnologia da Faculdade de Filosofia e Ciências humanas da UFBA, como Mestra de Notório Saber, Maya Pataxó, irmã do Cacique Nailton e de Dona Nega”.
Imagem: Instagram @somoshahahai